Eles não sabem sobre nós [Parte II]
Eu
tinha marcado com Rose de nos encontrarmos na entrada do parque da cidade, eu
tinha conseguido pegar o carro do meu pai emprestado o que tinha facilitado a
minha escolha de lugares para o encontro. A vi assim que entrei no
estacionamento, os cabelos estavam trançados, o sorriso era alegre, assim que
ela acenou para mim, estacionei o carro ao lado dela.
“Entra”
falei ainda dentro do carro, ela olhou para os lados som um sorriso tímido.
“Não
vamos ao parque¿” ela pergunta dando um passo para trás enquanto apontava para
o parque atrás dela.
Estava
claro que ela estava desconfiada, sai do carro e me aproximei dela.
“Não,
aqui foi só o nosso ponto de encontro” falei pegando a mão dela “Confie em mim”
Ela
mordeu o lábio inferior e ficou olhando para as nossas mãos entrelaçadas.
“O
que¿ Você acha que eu sou algum maníaco¿” pergunto com um tom de brincadeira.
Ela
ainda olhava para baixo, mas vi o sorriso que apareceu nos lábios dela, segurei
o queixo dela levantando o um pouco para que ela me olhasse no rosto.
“Não
acho que você seja um maníaco” ela finalmente diz me olhando nos olhos “Você só
me pegou de surpresa só isso.”
“Isso
significa que vai confiar em mim e me deixar te levar ate o local que escolhi¿”
perguntei ainda segurando o queixo dela.
“Vou,
mas só porque em uma cidade pequena como a nossa um assassino é descoberto
rapidinho” ela diz rindo.
Durante
o caminho fomos conversando, tentando nos conhecer, percebi que ela foi
relaxando no banco enquanto conversávamos. A levei para o parque de diversão da
cidade.
“Um
lugar bem publico e com varias testemunhas” falei tentando fazer graça enquanto
estacionava.
Fomos
direto comprar as fichas no caixa para depois irmos escolher qual brinquedo
iriamos primeiro. A noite foi muito boa, conversamos sobre varias coisas e
acabamos descobrindo que tínhamos mais em comum do que imaginávamos. Tínhamos
dado um tempo dos brinquedos e paramos para fazer um lanche.
“Então...
Por que um parque de diversões¿” ela perguntou enquanto nos afastávamos da
barraca de pipoca.
“Eu
queria um lugar que pudéssemos conversar, mas pudéssemos nos divertir também,
não dá pra fazer os dois em um jantar e
no cinema não poderíamos conversar, então, só sobrou o parque de diversões da
cidade” falei dando de ombros.
Percebi
que ela parou de andar e voltei ate onde ela estava. Ela tinha um sorriso nos
lábios e estava me fitando de um jeito...
“Nada”
ela diz balançando a cabeça “É que... Pensamos iguais. Sempre achei que o
parque seria o local ideal para um primeiro encontro” ela diz sorrindo.
Quando
estava dando onze horas, ela pediu que eu a leva-se para casa, caso o contrario
o pai dela teria um enfarte.
“Você
não disse ao seu pai que iria sair comigo não é¿” pergunto enquanto dirigia
para fora do parque.
“Esta
tão na cara assim¿” ela pergunta meio que se encolhendo no banco e dando um
sorriso amarelo.
“Seu
nervosismo te entregou” desvie os olhos da pista por alguns segundo para
olha-la, ela tinha uma expressão de “não entendi” no rosto “Você esta batucando
os dedos na porta do carro desde o minuto em que se sentou e não parou de
morder o lábio”
“Você
presta atenção em tudo” ela disse sorrindo. Rose se ajeitou no banco de uma
forma que ficasse de frente para mim “Eu disse a ele que iria para a casa de
uma amiga estudar e que voltava as onze, então... Se eu não estiver em casa
nesse horário ele vai pirar e... Não quero preocupa-lo.”
“Estou
percebendo... Seu pai faz o que¿” pergunto desviando o olhar da pista de novo
para poder olha-la.
“Por
que estou começando a achar que vou ter que tomar cuidado com o seu pai” falei
rindo ela riu também.
“Ele
é dentista” ela diz rindo.
“Isso
já é algo” falo fingindo alivia.
“Mas
serviu no exercito por seis anos” ela completa com um sorriso travesso no
rosto.
“Vou
considerar isso como o seu aviso de tome cuidado” eu digo fazendo ela rir mais
ainda “Ele é do tipo protetor então¿”
A
risada dela foi morrendo e o silencio cresceu dentro do carro. Voltei a olhar
para ela, Rose estava olhando para a pista, mas era um olhar meio que perdido,
como se ela estivesse observando, mas com a cabeça em outro lugar. Precisei
voltar a olhar para pista e foi quando ela me respondeu.
“É pode se dizer que
sim... É que... Minha mãe morreu e... Bom... Meu pai só quer me proteger e...
Eu entendo ele, sabe¿ Só temos um ao outro agora” eu queria poder afastar essa
tristeza da voz dela, da vida dela, mas como se eu estava na mesma situação e
nem conseguia lidar direito com a minha perda¿
“Quando¿” eu não quis
terminar a pergunta caso ela não quisesse responder.
“Foi antes que eu
nascesse, meus pais sofreram um acidente de carro, minha mãe estava gravida de
mim e... O acidente fez com que eu nascesse prematura, minha... Minha mãe
morreu durante o parto” a voz dela era apenas um sussurro.
Não consegui imaginar
como era perder a mãe assim... Tudo bem eu também perdi minha mãe, mas ela não
morreu dando a luz a mim e dava para perceber que Rose se culpava pela morte dela.
“Não é culpa sua”
falei.
“Eu sei é que... Eu
queria ter conhecido ela, quando meu pai fala dela... Eu queria que ela
estivesse viva, assim meu pai não ficaria triste ao falar nela e eu... Eu teria
uma mãe!” ela diz e vejo algumas lágrimas escorrerem pelo rosto dela.
Como sou estupido! Faço
a garota chorar logo no nosso primeiro encontro, muito bem James! Penso
irritado comigo mesmo. Segurei a mão dela e mais uma vez desviei os olhos da
estrada, ela deu um sorriso fraco e voltei a olhar para a pista.
“Também perdi minha
mãe... Foi em um acidente de carro também. Um carro na outra via bateu no carro
dela... Eu tinha dois anos quando aconteceu” senti ela apertar a minha mão em
resposta.
“Mais uma coisa que
temos em comum” ela diz baixinho.
“Vamos mudar de assunto
porque isso aqui esta ficando muito deprimente não acha¿” falei tentando soar
engraçado.
Ela riu e o clima ficou
bem mais leve.
“Sobre o que você quer
falar¿” ela pergunta ainda rindo.
“Que tal o seu
endereço¿ Por que já estamos no centro da cidade e ainda não sei onde você mora.”
Digo rindo.
Depois que ela me
passou o endereço começamos a falar sobre qualquer coisa que não fosse sobre
nossas famílias ate chegarmos na casa dela. Parei o carro bem em frente a casa
e o silencio voltou.
“Então...” começamos a
falar os dois juntos e rimos disso.
“Você primeiro” ela
diz.
“Se você não for fazer
nada nesse fim de semana... Eu estava pensando... Se você quiser... A gente
podia...” falei me atropelamento todo com as palavras.
“Seria ótimo. Te ligo
para combinarmos” ela diz animada.
“Ok”
“Então... Boa Noite”
ela diz abrindo a porta e saindo do carro.
Fiquei lá ate ela
entrar em casa, fui para casa pensando nela. Quando cheguei em casa encontrei
meu pai deitado no sofá dormindo, havia uma enorme papelada do trabalho dele
espalhada pela mesa de centro, pelo chão e em cima dele, ele devia ter pegado
no sono enquanto trabalhava. Fui ate ele e o acordei, ele se levantou de uma
vez assustado.
“Diana cuidado!” ele
diz tentando alcançar algo, provavelmente minha mãe, já que era com ela que ele
estava sonhando.
“James” ele diz esfregando
o rosto com as mãos “Chegou cedo, como foi o encontro¿” ele perguntou se
levantando do sofá.
“Foi bom” respondi.
“Fiquei trabalhando ate
tarde enquanto te esperava, mas acho que peguei no sono” ele diz.
“Percebi, dormiu com a
roupa com que foi trabalhar” eu digo apontando para as roupas dele.
“Por que voltou cedo¿”
ele perguntou indo para a cozinha.
“Ela tem horário para
chegar em casa” digo seguindo ele.
“Isso é bom, mostra que
é uma mocha de família, sua mãe também era” ele diz se apoiando na bancada e
cruzando os braços.
Meu pai podia ser
desligado em relação a muitas coisas sobre a minha vida, mas era protetor como
o pai de Rose, só que a maneira dele.
“Vocês vão sair de
novo¿” ele pergunta como se tivesse saído de um transe enquanto pegava um copo
e enchi de água.
“Você esta bem pai¿”
pergunto logo de uma vez.
“Claro que estou! Por
que a pergunta¿” ele pergunta antes de beber a água.
“Você esta sonhando com
a mãe” eu digo e antes que ele possa nega eu acrescento “E não tente negar isso”
“Não se preocupe filho,
eu estou bem, só estou sentindo mais a falta dela hoje” ele diz colocando o
copo na pia.
Meu pai fica parado
olhando pela janela o lago atrás da nossa casa, eu apenas fiquei no meu lugar
esperando ele continuar. Fomos apreendendo a apoiar um ao outro, lembrei de
Rose no carro dizendo “só temos um ao outro” eu sabia muito bem o que isso
significava.
“Eu queria que o filho
da mãe tivesse pagado ao que fez a ela” ele diz com um tom raivoso “Se ao menos
ele tivesse pagado...”
“Pera ai. Você sabe
quem foi¿” pergunto com raiva “Você sabia quem foi o tempo todo e nunca me
contou¿”
Não era segredo para ninguém
que me conhecia que eu odiava o cara do outro carro, que se um dia eu o
encontrasse eu provavelmente o mataria, mas sempre achei que ele estivesse
preso, meu pai nunca fez nada para eu achar o contrario. Até hoje.
“Não, é claro que não”
ele diz, mas consigo perceber a mentira “Eu teria te contado se soubesse”
“Não acredito em você”
eu digo com mais raiva ainda “Por que esta protegendo ele¿”
“Não é a ele que estou protegendo
e sim a você” meu pai diz tranquilamente “Todos sabem o que você faria se
soubesse”
Meu temperamento
explosivo não era segredo, mas eu não dava a mínima se ele queria me proteger eu
iria descobrir por mim mesmo. Sem dizer
mais nenhuma palavra fui para o meu quarto meu ótimo dia tinha sido arruinado.
(Continua...)
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