Eles Não Sabem Sobre Nós
James
Um Ano Antes
Sai
de casa para tentar esquecer os problemas em casa em relação ao dia de hoje,
meu pai não torna as coisas fáceis, como em todo o ano ele começou o dia de
hoje bebendo feito louco, era o único dia do ano que ele se permitia ficar
bêbado.
Em
todo aniversário de morte da minha mãe eu sai de casa e só voltava a noite
quando meu pai já estava inconsciente, ele não ficava violento, nem nada do
tipo só que era difícil de mais ver a dor que a falta da minha mãe faz a ele.
Não de quem é a pior dor a minha ou a dele, ele pelo menos a conheceu e passou
um tempo com ela, eu não tive isso, o que eu sabia sobre ela se devia aos
filmes caseiros que temos em casa.
Eu
estava caminhando pelas ruas da cidade quase que sem rumo, mas mesmo não querendo
eu sempre ia parar no cemitério. Minha mãe estava voltando para casa quando o
acidente aconteceu, era noite e estava chovendo, um carro na faixa contraria da
via bateu no carro dela, meu pai ainda culpa o cara do outro carro pela morte
da minha mãe, por ele tê-la deixado morrer naquela estrada, sozinha.
Estava
andando por entre os túmulos, a raiva que eu sentia por aquele homem só crescia
a cada aniversário da minha mãe, por culpa dele eu não tinha mãe, não pude
conhecer o amor da minha mãe. Eu estava parado em frente ao tumulo dela, senti
o ódio por aquele homem crescer, eu nem sabia quem era, mas se um dia eu
descobrisse quem ele é... Não sei o que faria.
Sentei
em frente a lápide dela e comecei a conversar com a minha mãe, a falar de como
estavas sendo esse ano na escola, como estava ansioso com o próximo ano quando
eu faria 18 anos, a falar de como o papai sentia a falta dela, devo ter passado
horas em frente ao tumulo dela, mas não liguei para isso.
Era
umas três da tarde quando eu estava saindo do cemitério e foi quando eu a vi,
cabelos pretos cacheados, até a cintura, ela tinha um sorriso meigo e triste
nos lábios, ela usava um short jeans e uma blusa florida. O homem ao lado dela
passou o braço em volta dos ombros dela, devia ser o pai dela. Eles entraram em
um carro e foram embora. Sai do cemitério com a imagem dela na cabeça, o
sorriso, mesmo sendo triste era... Especial...
Eu
ainda estava andando pela cidade quando encontrei o Douglas e o Adam dois
amigos meus e decidimos ir ao shopping da cidade. Ficamos dando voltas pelo
shopping enquanto jogávamos conversa fora, estávamos passando por uma livraria
quando a escolhendo livros em uma estante. Ela estava com a mesma roupa que
usava no cemitério e ao em vez de ser o pai a acompanhando era uma garota,
devia ser uma amiga.
Entrei
na loja pensando em como poderia me aproximar dela. Fiquei parado perto da
estante onde ela estava ouvindo o que ela e a outra garota conversavam.
“Por
que você não dá para ela um da Jane Austen, Lena¿” ela perguntou.
“Porque
eu acho chato Rose, só por isso.” A garota chamada Lena respondeu indo para
outra estante.
Rose
revirou os olhos e continuou a olhar os livros em frente a ela. Fiquei
observando ela pegar vários livros, ler a capa, morder o lábio inferior
enquanto li e suspirar ao devolver o livro para a estante, ficou claro para mim
que ela gostava de ler e isso me deu uma ideia.
“Posso
ajudar¿” perguntei indo em direção a ela.
“Aham...
Acho que sim.” Ela disse mordendo o lábio.
Fiquei
parado em frente a ela esperando ela falar mais. Ela mordeu mais o lábio
inferior tanto que quando o solto ele estava vermelho e um pouco inchado. Ela
estava linda.
“Vocês
tem o morro dos ventos uivantes¿” ela perguntou, Rose deve ter percebido a
confusão da minha cara porque ela completou. “É da Emily Brontë.”
“Ok...
Só um momento... Eu vou checar no sistema.” Eu disse indo procurar um vendedor,
achei um no final do corredor.
“Hey,
cara! Vocês tem um livro chamado...” qual era mesmo o nome do livro¿ “É... Acho
que uivos no morro... Não, é vento uivantes... É de alguém chamada Emily.”
“Acho
que se chama O Morro dos Ventos Uivantes, o livro que ele procura Ricardo.” a
voz dela soou atrás de mim.
Ricardo
o vendedor tentou segurar o riso, mas não teve sucesso. Virei-me para ficar de
frente a ela, Rose tinha um sorriso nos lábios e estava com os braços cruzados.
“Só
precisava ter dito oi, sabia¿” ela disse indo em direção a uma das estantes.
“O
que¿” eu perguntei seguindo ela.
“Puxar
conversa comigo é mais fácil que fingir ser um vendedor.” Ela disse pegando um
livro e lendo a capa.
“Como
você sabia que eu não era um vendedor¿” perguntei me escorando na estante.
Ela
sorriu e se virou para mim.
“Fácil,
duas coisas: primeira eu conheço todos os vendedores daqui, eles me conhecem e
sabem que eu conheço essa livraria como a palma da minha mão e segunda sua
expressão de que-livro-é-esse te entregou, os vendedores daqui conhecem bem
esse livro.” Ela disse rindo nessa ultima parte, como se tivesse mais alguma
coisa nesse fato.
Ela
colocou o livro na estante e seguiu caminhando enquanto deslizava o dedo pelos
livros. Ela era esperta, mais uma qualidade para a minha lista sobre ela.
“Então...
Esta na cara que você vem muito aqui.” Eu disse enquanto a seguia, ela apenas
riu. “Então...”
“Qual
o seu nome¿” ela perguntou.
“O
que¿” ela riu da minha pergunta.
“Seu
nome, qual é¿” ela disse rindo enquanto pegava um livro na estante.
“James.”
Respondi.
“Você
é sempre assim¿ Meio lerdo¿”
“Não,
geralmente não.” Falei sorrindo enquanto passava a mão no cabelo, eu nunca fiquei
nervoso perto de uma menina antes, o que estava acontecendo comigo¿
“Aqui
o seu livro¿” ela disse colocando um livro na minha mão.
Rose
saiu em direção ao caixa onde a miga dela estava. Olhei o livro que ela me
entregou e ri ao ler a capa. O Morro dos Ventos Uivantes.
“Eu
se fosse desistia, perdi a conta de quantos caras ela já enganou usando a
tática do Morro dos Ventos Uivantes.” A voz de Ricardo o vendedor falou ao meu
lado.
“Ela
já fez isso antes¿” perguntei rindo.
“Já,
sempre tem um espertinho tentando se dar bem, mas Rose é esperta sabe se
cuidar.” Ele disse olhando para as duas garotas na fila do caixa.
“Percebi.”
“E
ai, vai desistir¿ Os outros desistiram não gostaram de serem tapeados... É
engraçado de ver, eles perguntando sobre onde encontrar o livro e de repente
Rose esta ao lado deles entregando o livro e indo embora e dizendo boa
tentativa... Mas você é o primeiro com quem ela conversa antes de dispensar...
Só para você saber.” Ele disse indo atender um cliente.
Observei
Rose e a amiga pagarem os livros. Ela com certeza era uma garota por quem valia
a pena lutar. Segui as duas ate a praça de alimentação, foi quando Douglas e
Adam me encontraram.
“Cara
aonde é que você estava¿” Douglas perguntou dando um murro de leve meu braço.
“Andando
por ai.” Respondi olhando para as duas garotas sentadas ali perto.
“Estamos
indo embora, vai querer carona¿” Adam perguntou.
“Não,
mas valeu cara.” Respondi.
“O
que você tanto olha¿” Douglas perguntou. “Ahh... Só podia ser.”
“O
que¿” Adam perguntou.
Douglas
apenas indicou com a cabeça a direção onde às meninas estavam sentadas olhando
um cardápio.
“Ahhh...
Bom estamos indo, cara, conta pra gente amanha o que aconteceu, porque a de
short tem jeito de ser difícil.” Adam falou dando uns tapinhas no meu ombro, eu
abri a boca pra perguntar como ele podia saber daquilo. “James eu te conheço
desde os sete anos sei o tipo de garota que te atrai.” Falou me interrompendo e
indo embora com Douglas.
Fiquei
esperando elas voltarem para a mesa depois de terem ido pegarem os pedidos
delas.
“Quer
saber de uma coisa¿ Acho que vou ler o livro que você me indicou.” Eu disse me
sentando ao lado de Rose na mesa.
“Como¿”
ela perguntou se voltando na minha direção.
“Quem
é ele Rose¿” A amiga Lena perguntou do outro lado da mesa com a boca cheia de
batatinhas.
“Vou
ler o livro” eu repeti.
“Serio¿
Por que¿” ela perguntou apoiando o queixo na mão.
“Você
me deixou curioso, porque você sempre usa o mesmo livro para enganar os caras¿”
perguntei a olhando nos olhos.
“Como
você...¿ Ah! Ricardo, ele te contou não foi¿”
“E
ai por que do livro¿”
Ela
ficou em silencio como se ponderasse se valia a pena me responder.
“Quem
é ele¿” Lena perguntou de novo dessa vez sem batatinha na boca.
“Por
que eu deveria te contar¿” ela perguntou.
“Porque
você esta me devendo.”
“Eu
estou te devendo¿” ela disse surpresa.
“Sim,
depois da brincadeira na livraria está.” Respondi.
Rose
deu uma risada e olhava para Lena com um olhar de dá-pra-acreditar-nisso! Já a
garota chamada Lena parecia estar num jogo de ping-pong com os olhos de tanto
olhar da Rose para mim. Quando Rose parou de rir ela me encarou tentando
parecer seria.
“Ok,
você ganhou, um dia eu te conto.” Ela disse sorrindo para Lena.
“Como
assim um dia¿” perguntei.
“Você
vai ter que merecer essa resposta. Alem do mais um dia é melhor do que nunca,
não acha¿”
Eu
ri em resposta.
“Que
tal sairmos amanhã para você me contar o motivo do livro¿” falei tentando
parecer um pouco mais serio.
“Que
tal sairmos para você me convencer a te contar.” Ela revidou.
“Fechado.”
Falei apressado e ela sorriu.
“Ok!
Agora que vocês terminaram, quem é ele Rose¿” Lena perguntou.
Nós
dois caímos na risada no mesmo instante. Combinamos de nos encontrar na entrada
do parque da cidade, no final da tarde.
Cheguei
em casa eram por volta das onze da noite. Encontrei meu pai deitado no sofá segurando
uma garrafa de vodka contra o peito, tentei acorda-lo, mas foi em vão, então o
carreguei até o quarto dele.
“Diana...
Querida... Não se preocupe... Vou cuidar do James... Só... melhore...” meu pai
murmurou assim que o coloquei na cama. Ele estava sonhando com a minha mãe. De
novo.
Fui
dormir pensando em Rose e na minha mãe e de como seriam as coisas daqui pra
frente.
Continua....
(Conto de Uma Escritora Apaixonada)
Continua....
(Conto de Uma Escritora Apaixonada)
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