Não me deixe ir...
Eu
estava no aeroporto, iria voltar para casa depois de um ano fazendo intercambio
em Londres e iria deixar para trás lembranças maravilhosas e algumas que eu
preferia esquecer. Sentada em uma das cadeiras da sala comecei a vagar em meus pensamentos.
Jake, um amigo que eu fiz assim que
cheguei em Londres, havia convidado a mim e a mais dois amigos nossos, Asheley
e Fernando, para irmos a uma festa. Foi nessa festa que eu o conheci, seu olhar
foi o que mais me chamou atenção, era um olhar de menino travesso, com um brilho
indescritível que guardava vários segredos e o sorriso... O sorriso era convencido,
alegre e contagiante.
Ele sorriu para mim e eu perdi o
fôlego, ele se aproximou e minhas pernas ficaram bambas. Acho que me apaixonei
naquela noite.
O
barulho de uma mala caindo tirou-me do meu devaneio, decidida a não pensar nele
resolvi dar uma volta pela sala de espera. Fiquei brincando com o colar em
formato de coração que minha mãe me deu de aniversário de 15 anos. Na verdade o
pingente de coração era um pequeno portarretrato, minha me deu o colar para que
um dia eu colocasse a foto daquele de quem meu coração sempre iria pertencer.
Estávamos caminhando, ele estava
com as mãos em meus olhos, achei tão fofo ele querer fazer uma surpresa no nosso
aniversário de seis meses. Quando ele tirou a venda me vi no telhado de um
prédio. No centro do telhado havia uma mesa baixa, com um jantar para dois, em
volta da mesa em cima de um tapete havia varias almofadas para sentarmos.
“Feliz Aniversário” ele disse.
Eu não consegui dizer nada, mas eu
sei que ele soube o que eu sentia quando olhou em meus olhos. Depois que
jantamos, ele veio sentar ao meu lado e me entregou uma caixinha, sorri para
ele surpresa.
“Não vai ser tão incrível quanto o
presente que você me deu, mas espero que goste”.
Quando eu abri a caixa vi o colar
que minha havia me dado. Ele viu a confusão em mim e foi logo explicando.
“Um dia você me disse que sua mãe
havia te dado esse colar para que um dia você pudesse carregar contigo o homem que
conquistou o seu coração.” Ele abriu o pingente e eu vi uma foto minha e outra
dele. “Eu quero ser esse homem”.
Eu olhei para ele com lágrimas nos
olhos, eu não queria falar nada, nem em um milhão de anos as palavras
conseguiriam expressar o que eu sentia, então eu o beijei. E naquela noite eu
tive a certeza de que ele me amava.
Uma
lágrima deslizou pela minha face. Eu precisava esquecê-lo, eu estava voltando
para casa, nunca mais eu o veria, mas essa afirmação em vez de confortar meu
coração só o machucou mais. Um trovão soou e a chuva começou a cair como as
lagrimas pelo meu rosto.
Estávamos assistindo filme na casa
dele. Era um dia chuvoso e frio, um dia perfeito e o que tornava o dia
maravilhoso era o fato de estarmos no sofá juntinhos, enrolados em um cobertor,
os braços deles estavam me envolvendo mantendo me aquecida. Não me lembro de
nada do filme que assistimos, ele me distraia a cada instante com beijos e
quando não estava me beijando eu me distraia com as carícias que sua mão fazia
em meu braço. Aquele foi meu dia perfeito.
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